Mil vezes boa noite

Considero-me uma cinéfila antes de tudo, não sou uma estudiosa dessa arte e acredito que para se tornar uma verdadeira crítica é necessário dedicação.
Faz muito tempo que não exercito minhas avaliações sobre os filmes que assisto. Algumas vezes eu até vejo além do que o filme mostra e acaba sendo uma lacuna na interpretação de quem lê cada texto que escrevo sobre um filme. 
A partir de agora darei meu exemplos de cena que fazem meu ponto de vista real e não imaginação da minha cabeça ok?

O último filme que assisti é de uma fotógrafa de regiões de conflito de um jornal de NY, interpretada pela Juliette Binoche e seu rosto indecifrável. O filme começa em Cabul, ela fazendo a cobertura de um suicídio de uma mulher bomba.  A bomba é detonada em uma rua movimentada e acarreta na morte de várias pessoas, a fotógrafa acaba vendo o acontecido e quase morre.




Já socorrida e num hospital em Dubai, o marido vai ao socorro dela e lá percebemos o conflito familiar dela, o marido parece estar exausto do que exige o trabalho da esposa. Ambos voltam para casa e se reúnem às duas filhas. O mesmo olhar do pai é o da filha maior que toma os cuidados para que a mãe fique bem, mas percebe-se uma exaustão sobre uma situação que parece acontecer quase sempre.

Após um jantar o ultimato é dado, ou ela larga o emprego ou o casamento está acabado. E eu gosto de duas cenas a da filha mais velha que diz que ela espera que tenha valido a pena a foto da mulher bomba. E a cena do marido definindo o que é dele como marido dela e do medo constante de perdê-la e que ele vem há anos se preparando para a notícia ruim.

O filme se passa maior parte acho que na Inglaterra, para um início que começa num país de extrema pobreza, a gente percebe que a fotógrafa não se encaixa na vida familiar com facilidade. 

Agora o que me encanta no filme é ver a Juliette Binoche atuando, sempre. Vemos uma mulher corajosa em territórios devastados, tentando mostrar ao mundo o impacto de uma foto. Filme simples que nunca mais tinha presenciado no cinema, lindas paisagens. 
E o mais importante uma mulher, uma fotógrafa em uma guerra, não um soldado, não é um homem.
Desafiadora o tempo todo, tem dificuldades de exercer o que dizem ser o papel de dona de casa. Quantas já recusaram isso, qual o preço que teve pagar? O que mais pesa no filme é ver a beleza em fotos de guerra, de mulheres estupradas, mortas, mutiladas, homens torturados e jogados em estradas, povo com fome. O que há de ético em fotografar isso? A denúncia do conflito, do que realmente é o sofrimento humano?

E a pergunta da filha mais velha fica no ar, a foto de uma mulher se suicidando em uma explosão, vale a pena?



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